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Igualamo-nos todos, quando o assunto é transplante de órgãos, em um aspecto simples: mais provável sermos futuros receptores do que doadores. A leitura do livro do Professor Juventino Gomes de Miranda Filho traz clara esta lembrança. Da mesma forma, a ameaça imposta à existência por uma doença, acompanhada pelo sofrimento da progressiva falta de ar, é outro poderoso elemento para igualar-nos frente à inescapável condição humana. O livro mostra de modo abundante que a melhor resposta a esta ameaça são os bons sentimentos, em especial, a solidariedade. 

O livro Reencontro com a Vida ainda traz reflexões profundas. Cito duas delas. A primeira lembra da necessidade do luto, instrumental para lidarmos com grandes perdas. Constitui-se no processo de passagem da dor atroz à doçura da lembrança, como bem escreve o autor. A segunda, e considerando o exercício da solidariedade uma das várias formas de ação ética, nos faz aprender que ela decorre de um ato intrínseco de esperança. É como uma prece espontânea. Refletindo objetivamente, toda ação ética é um ato esperançoso. Aproveito a oportunidade para agradecer aos candidatos ao transplante de pulmão que cuidei, ao longo de mais de quinze anos de atividade no Grupo de Transplante Pulmonar da Santa Casa de Porto Alegre, por terem me ensinado esta e outras lições de vida, pela sua altivez e grandeza frente a tantos sofrimentos. Como nos relata o Professor Juventino, um grande ato de superação. 

Finalizando, desejo-lhes uma boa leitura, com a expectativa de que este relato de um renascer se faça tão proveitoso como foi para mim. 

Sadi Marcelo Schio  – Médico Cardiologista

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